O dia em que o mundo saiu do ar

Eline
3 min readOct 4, 2021

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Passo aqui para me atualizar após um tempo, em um dia específico e de certa forma corrido devido a pendências ainda incompletas. Entretanto, em meio aos trabalhos e atividades da faculdade, pautas a escrever para o estágio, leituras de artigos, e tarefas de casa, reservo esta meia-hora para escrever sobre o que aconteceu hoje.

Lá pelas onze da manhã troquei minha última mensagem pelo WhatsApp. Um tempo mais tarde, percebi que o aplicativo estava “conectando” e aquele ícone do círculo pontilhado, carregando e rodando incessantemente, permanecia. Troquei do Wi-Fi para os dados móveis, afinal, a internet aqui em casa costuma ser instável. O ícone continuava lá. Parti, então, para o Instagram, que também não carregava, nem por Wi-Fi, nem por dados móveis. Naturalmente, recorri à minha mãe e perguntei se as coisas estavam funcionando para ela. Ela admitiu, em tom de suspeita, que os grupos dos quais ela participa “estavam mesmo meio parados”.

Assim como a advertência ao final dos comerciais de medicamentos, se persistirem os sintomas, o médico deverá ser consultado. No caso da internet, o Google assume o cargo. Após uma rápida pesquisa, li que o problema era global e fechei o navegador - afinal, tudo sempre se resolve muito rápido no mundo das redes sociais. Recorri, então, ao Telegram. Já uso o app para trocar mensagens com amigos bem específicos, então por um tempo o empecilho da comunicação pareceu sanado.

Até que, no meio da tarde, o Telegram também começou a ficar lento e parou de funcionar. Subitamente encontrei-me enviando e-mails para me comunicar com um professor e uma colega de extensão. Tempo depois recebi uma mensagem de um contato desconhecido: “Parece que até o Telegram caiu”. Como eu não sabia quem era, mas já suspeitando que se tratava de um dos meus amigos mais próximos, respondi que era o fim do mundo. E assim continuamos a conversar como fazemos de costume, porém com o uso de uma ferramenta esquecida pelo brasileiro portador de um iPhone. Concordamos que se até o iMessage falhasse, teríamos que partir para o recurso de sinal de fumaça ou de pombo correio. Gosto mais da segunda opção, já que aqui o tempo está bem nublado.

Brincadeiras à parte, achei curioso como nos acostumamos tanto com as mensagens instantâneas que é insólito e incômodo passarmos um dia involuntariamente longe delas. Impressiona-me relembrar que tais tecnologias eram inimagináveis até algum tempo atrás, mas hoje confiamos tanto nelas que esquecemos o quanto somos vulneráveis e suscetíveis aos fatores exógenos. Temos tanta fé nas mentes pensantes das grandes empresas (como o Facebook) e no seu poder de consertar tudo rapidamente, mas às vezes nos falta confiança adequada na provisão do único e suficiente salvador das nossas vidas.

Como é majestoso, num dia tão atípico, refletir sobre como a confiança em homens e na criação dos homens é frágil. É necessário lembrar, em meio à instabilidade global nas principais comunicações do digital, que absolutamente tudo pode (e irá) falhar um dia, mas há Alguém que jamais errou.

Há um Deus em quem posso descansar com confiança plena. E você pode também. Ele jamais está incomunicável, pois enviou seu Filho amado a este mundo. Este Filho, mesmo sendo Deus, se fez homem (embora não estivesse destituído de sua natureza divina), viveu de maneira perfeita entre os homens e morreu injusta, mas necessariamente, por amor a pessoas cheias de falhas. Mas ressuscitou e voltou ao Pai, pois tudo isso fazia parte da obra perfeita para reestabelecer nossa conexão com o nosso Criador. Todos nascemos desconectados dEle, mas por sua graça, através de Jesus Cristo, tudo pode ser reestabelecido. E haverá um dia em que não ocorrerão sequer interferências na conexão entre Deus e aqueles que (como eu) entregaram suas vidas a Cristo. Desfrutaremos de estabilidade plena na rede global celestial.

Ficar desconectado do WhatsApp, Instagram, Facebook, Telegram e tantas outras mídias sociais não é o fim do mundo, mas permanecer desconectado de Deus, ah, meu amigo… isso é.

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